Erradicação de Baccharis spicata
Baccharis spicata é uma espécie nativa da América do Sul (sul do Brasil, Paraguai, Uruguai e nordeste e parte central da Argentina) que foi detetada pela primeira vez na Europa há pouco mais de um ano. Em setembro de 2015 duas populações naturalizadas foram detetadas em Portugal, nos arredores do Porto (Matosinhos e Vila do Conde). A esse propósito, foi redigido e submetido um artigo a uma revista científica internacional onde se descreve a espécie ao mesmo tempo que se avalia o seu potencial invasor na União Europeia, com base em variáveis climáticas e usando um protocolo de risco de invasão específico para plantas vasculares. Recentemente foram detetadas novas populações nas imediações do local original, que parecem indicar que expansão desta espécie com potencial invasor se está a fazer de uma forma rápida. Essa expansão célere poderá fazer com que dentro de alguns anos a espécie seja difícil de controlar devido ao aumento da sua população, o que constituirá um sério problema com elevados custos ecológicos e económicos.
Atualmente toda a literatura científica focada no problema da erradicação de plantas vasculares converge na ideia de que a erradicação de espécies problemáticas só é possível num cenário de deteção precoce, combinada com uma ação física focada em áreas de pequena dimensão. Este tipo de intervenções só é possível com a ajuda de voluntários e com a sensibilização das entidades municipais, já que a eliminação de plantas que não estejam listadas no Decreto-Lei n.º 565/99 só se pode fazer com a boa vontade de todos, incluindo proprietários de áreas privadas onde a espécie se encontre.
Neste sentido, o Centro Regional de Excelência em Educação para o Desenvolvimento Sustentável da Área Metropolitana do Porto e o AliensWatch, um grupo multidisciplinar liderado pelo CIBIO/InBIO dedicado ao problema das espécies invasoras, vão unir esforços no sentido de dar início a um processo inédito em Portugal, que consiste na erradicação completa de uma espécie com elevado potencial invasor antes que se consuma a sua provável expansão no nosso país. Esta iniciativa, a ter sucesso, poderá dar origem a uma mudança de paradigma capaz de despoletar o interesse das instituições públicas e da sociedade civil na realização de ações semelhantes com outras espécies que sejam precocemente detetadas, evitando que fujam de controlo e aumentem a lista de espécies problemáticas que todos os anos gera custos no valor de milhares de euros por toda a união Europeia.