Arbusto rasteiro, com exemplares que podem atingir mais de um metro de diámetro. Ramas grisáceas, com folhas simples ovado-lanceoladas, alternas, com a margem finamente aserrada. Flores amarelo-verdosas, pouco aparentes, pedunculadas, organizadas em fascículos, com o cálice formado por 3-4 sépalo triangulares e geralmente com pétalas ausentes. Em geral apresenta uma maior pilosidade que a espécie Rhamnus pumilla, da qual também se diferencia porque em R. legionensis as gemas estão protegidas por catáfilos ciliados e pilosos, as flores são pilosas e as folhas têm nervos secundários curvos e com faz e envés pubescentes. [1,2].

Polinização entomófila xeralista. Dispersão das sementes principalmente endozoócora, sendo as aves as que consumem os frutos e actuam como vectores. Noutra espécie do género Rhamnus tem-se constatado a importância das formigas na dispersão [3], pelo que é possível que a mirmecocoría também seja um mecanismo de dispersão em R. legionensis.

2n=24 [4]

Floração IV-VI Fructificación VI-VIII

Endemismo ourensano-berciano restringido a afloramentos calco-dolomíticos. Conhecem-se seis populações, distribuidas pelos Montes Aquilianos e no entorno do Estreito do Sil nos limites da Serra da Enciña de Lastra.

O habitat da espécie são os paredóns calco-dolomíticos verticais. Neles a espécie estabelecesse nas fissuras e repisas, desde as que medra tapizando o substrato.  Entre as espécies acompanhantes nesta comunidade rupícola destaca a presença de vários endemismos regionais, como Petrocoptis grandiflora, Petrocoptis viscosa, Leontodon farinosus e Campanula adsurgens.

Esta comunidade está recolhida na Directiva Habitats, como habitat 8210 ?Encostas rochosas calcícolas com vegetação casmofítica?.

Os dados publicados sobre a espécie indicam que o conjunto das populações somam uns 5.000 indivíduos [2]. Estes distribuem-se em seis populações, com duas que albergam mais do 90 % dos efectivos, Peñalba de Santiago e Cova. As outras quatro populações, não chegam ou quase não superam o considerado tamanho mínimo viável para as populações da espécie. Sendo especialmente preocupante a situação da espécie em Cornatel, onde só se registou a presença de 6 exemplares e em Penarrubia, com tão só 15 exemplares [2]. A proximidade entre  as populações e o papel das aves na dispersão de sementes, faz possível que exista entre elas certo grado de intercâmbio de germoplasma, que pode contribuir ao sua manutenção futura.

O habitat disponível para a espécie pode verse alterado por diversas actividades humanas. O desenvolvimento de infraestructuras, como por exemplo a auto-estrada planificada para a conexão da comarca de Valdeorras com Ponferrada, poderia afectar à espécie ou ao habitat potencial da mesma.  A exploração das calizas com a abertura e ampliação de pedreiro, principalmente nos núcleos leoneses, também afecta directamente ao habitat disponível e indirectamente pode favorecer desprendimentos em zonas próximas. [2]

Outra ameaça de origem antrópico é a prática de escalada desportiva, o equipamento deste tipo de vias vai acompanhado em muitas ocasiões de uma limpeza intensiva das fendas da parede. Esta modalidade desportiva praticou-se em algum dos núcleos da população de Cova, afortunadamente na actualidade já está totalmente proibida.

Também foi assinalada como ameaça de origem biológica a presença do fungo Puccinia coronata sobre folhas e frutos de R. legionensis, porém aparentemente a presença do fungo não afecta à maturação e viabilidade das sementes. [2]

Todas as populações estão incluidas em espaços protegidos da rede natura, na Galiza na ZEPVN Serra da Enciña da Lastra e em Castela e León no LIC Montes Aquilianos e Serra do Teleno. As populações galegas contam com um maior grado de protecção por estar incluidas no Parque Natural Serra Enciña da Lastra.

Com o fim de garantir a conservação da espécie seria de interesse a criação de microrreservas de flora que incluam as suas populações, complementando esta medida com um seguemento populacional para conhecer a demografía e biologia reproductiva da espécie. A partir destes trabalhos poderiam plantearse actuações de reforzamento das populações que na actualidade estão embaixo do tamanho mínimo viável ou a necessidade de actuar para eliminar o fungo Puccinia coronata.

A inclusão de sementes em bancos de germoplasma e as actividades de divulgação e de educação ambiental são medidas complementares necessárias para a sua conservação

Categoria IUCN: 

EM B1b(ii,iii,iv)+2b(ii,iii,iv)

Autor da ficha: Roi Carvalhal

[1] .Martínez Solís, I., J. Iranzo, J.L. Corbin, E. Estrelles, & A.m. Ibars. 1998. La secção Rhamnastrum Rouy (Rhamnus, Rhamnaceae) nele norte de la Península Ibérica. Lazaroa, 19: 9-16.

[2] Llamas, F., C. Acedo, R. Alonso & C. Lence. 2003. Rhamnus legionensis Rothm. In: Bañares, À, G. Blanca, J. Güemes, J. C. Moreno & S. Ortiz (eds.). Atlas y Livro Rojo de la Flora Vascular Amenazada de Espanha. Direcção General para la Biodiversidad, Publicaciones dele O.A.P.N.. Madrid, 1.069 pp

[3] Bas, J.M., J. Oliveras & C. Gómez. 2009. Myrmecochory and short-term seed fate in Rhamnus alaternus: ant species and seed characteristics. Acta Oecologica 35 (3): 380-384.

[4]. López Pacheco, M. J, E. Puente García, F. dele Egido Mazuelas & M. Fernández Cañedo. 2011. Números Cromosómicos para la Flora Espanhola. 831-842. Lagascalia 31: 243-248